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História de superação: manauara que morou em cemitério com a família é aprovada na OAB

Foto: Divulgação
Aos 27 anos, Viviane Souza Monteiro, que é mãe, cristã e também advogada, vive uma verdadeira história de superação. A manauara que morou com sua família no cemitério Nossa Senhora de Aparecida, o 'Tarumã' localizado na Zona Oeste de Manaus, hoje comemora sua aprovação no Exame de Ordem da OAB.
Viviane nasceu no bairro de São Raimundo, na capital amazonense, onde sua família vivia sem condições de moradia. O que torna sua história única é o fato de que apenas com apenas 1 mês de vida foi forçada por diversas circunstâncias sociais a morar em um casebre no cemitério Tarumã. Enquanto para muitos isso poderia ser motivo de medo ou desconforto, para ela, o cemitério se tornou um lugar de aprendizado e refúgio até os 9 anos de idade, quando foi expulsa do local pela gestão municipal da época. "Eu costumava brincar entre os túmulos", lembra a advogada com um sorriso. "Pode parecer estranho para alguns, mas para mim, era normal. Não tínhamos medo. Nós brincávamos por cima das sepulturas, de ‘manja’ pega e esconde-esconde. Nossos vizinhos foram sepultados no local”, conta a advogada. Sem estrutura de saneamento básico e juntamente com outras 17 famílias, a advogada explica que até a água era do cemitério, que por vezes era necessário ir num igarapé que tinha próximo, pegar água para lavar roupas e até consumir. A filha de gari conta que a estrutura da casa era de madeiras velhas e com um quintal aberto, onde criavam galinhas. “Mesmo morando lá, eu estudava numa escola, e nela os meus colegas me apelidavam de defunta”, continua. "Eu era taxada dessa forma por eles, achavam que minha casa era um caixão", afirma a advogada. Essa situação levou Viviane a buscar educação e oportunidades além das limitações impostas pela vida, onde no dia 21 de fevereiro 2006, com a família, foi expulsa do cemitério. “Nesse dia eu vi a minha mãe chorando e eu cheguei com ela e prometi que nunca mais ela iria passar por isso, que eu disse que estudaria e me tornaria uma advogada para defendê-la”, pontua Viviane. Ela estudou em colégio integral e militar, contra todas as probabilidades. Casada desde os 17 anos, conseguiu ingressar na faculdade, realizando também o sonho pessoal do marido que era estudar direito. Aos 20 anos de idade ingressou numa faculdade enfrentando muitos desafios, entre eles a pandemia da Covid-19, atrasando a conclusão do curso. Depois de se formar, a advogada ingressou no Preparatório Aufiero, visando se preparar para realizar o Exame de Ordem. “Passei um deserto muito difícil durante esse período, problemas financeiros, familiares. Ser lapidada nesse deserto é algo muito importante, onde eu me permitir isso alcançando a minha aprovação”, afirma Viviane.

Foto: Divulgação
"Aprendi desde cedo que cada pessoa tem uma história e merece ter sua voz ouvida", explica Viviane. "Minha infância no cemitério me ensinou empatia e compaixão, e esses valores guiam cada caso que eu aceito”, ressalta a advogada.
Hoje, prestes a receber a carteira da OAB, Viviane vive uma nova fase de vida, sendo reconhecida e respeitada como mulher e como ser humano. A jornada extraordinária, desde a infância entre os túmulos até as conquistas na advocacia, é uma inspiração para todos aqueles que a conhecem. "Não importa de onde você vem ou quais obstáculos você enfrenta", afirma no Viviane. "O importante é nunca desistir de seus sonhos e nunca esquecer a importância de lutar por aquilo em que acredita”, conclui.

*Com informações de A Crítica